terça-feira, 30 de junho de 2015

(dez) encontros - I

ele  - o que você está olhando?
 ela respira fundo - eu não devia ter vindo...
 ele - bom, não foi isso que eu perguntei...
 ela - escuta, isso tudo já está muito bem resolvido aqui dentro, ok?! e já faz tempo! gosto de você como um irmão...
ele - você olha assim para o seu irmão?
ela - não! não há nada nele que me atrai e...
ele - e?

ela levanta subtamente, pega a bolsa - definitivamente, eu não devia ter vindo - bate a porta atrás de si... na rua, a chuva fina lava seus pensamentos delicadamente sem deixar escorrer a fantasia que tinha vestido para essa noite: eles conversariam, muito... relembrariam as noites de festa, as noites em claro, a noite na rede... então ele chegaria bem perto dela, arrumaria gentilmente uma mecha de cabelo atrás da sua orelha, olharia no fundo dos seus olhos e a beijaria...
ele sozinho, pega o violão e dedilha a canção que fez para ela... quem sabe um dia ele criaria coragem e... tocaria a canção para ela que ouviria com um irresistível sorriso nos lábios, os braços cruzados sobre as pernas cruzadas, um pedaço do colo a mostra e... ele a abraçaria forte, e nunca mais a deixaria ir...

domingo, 28 de junho de 2015

sobre domingos e sentimentos

e então é domingo... aquele dia em que as pessoas sentem uma ponta de solidão, tristeza ou qualquer outro sentimento que aperta o peito e dá desconforto. mas é um domingo frio... e talvez a vontade de não sair da cama prevaleça... o desconforto é maior?!

tenho um quintal com árvores e uma rede. tenho flores e morangos no jardim. tenho orquídeas que se deliciam com o sol do inverno... e por que então estar melancólica?! claro que há coisas que me faltam, pessoas que me faltam... mas também me sobra trabalho e aborrecimentos... gosto do domingo por ser um dia para olhar as flores, guardar as roupas que durante a semana, na pressa, se empilharam em cima da poltrona de leitura do quarto. gosto do domingo para abrir um livro, pensar ou para voltar a escrever...

aos domingos também me entrego a saudade... e tento vê-la, não como sinal da ausência, mas como sinal de uma presença que um dia esteve e na esperança de que novamente estará... esperei muitos, muitos anos mesmo pelo meu amor e neste momento estamos separados e não por nossa vontade, mas por aquilo que nos escapa...

e o importante é que o que nos escapa não nos paralise... nos preencha de entendimento. assim, tento aprender na espera a ser melhor. tento aprender a paciência e a suavidade. volto os olhos ao que há de bom e reconheço no momento o que está presente!.. e como é importante o presente... e como é efêmero... e se existir é estar, por que não estar no domingo com todos os seus predicados? senti-los, entendê-los e tornar-los arte? tornar o domingo a arte de viver o domingo. tornar o domingo a inspiração de um poema. tornar o domingo a arte do encontro. tornar o domingo um acalento... 

bom domingo! sussurro ao vento e às flores...
e eles respondem com um sorriso que só as pessoas que estão podem ver!